Denominamos de sistema muscular, o conjunto de músculos voluntariamente controlados. A função da maioria dos músculos esqueléticos é produzir os movimentos do esqueleto. Alguns músculos atuam basicamente para estabilizar os ossos (músculos fixadores), de modo que outros músculos esqueléticos conseguem executar um movimento (músculos agonistas e sinergistas, que auxiliam os músculos agonistas) com mais efetividade. Além disso, para que o movimento aconteça de forma harmônica e eficiente, os músculos que se opõem (músculos antagonistas) ao movimento precisam relaxar.
Nessa página vamos apresentar vários músculos esqueléticos, portanto, vamos iniciar nosso estudo pelas características gerais dos músculos esqueléticos para que possamos compreender a organização, função e nomenclatura dessa musculatura.
Características Gerais dos Músculos Esqueléticos
Os tendões são estruturas de tecido conjuntivo em forma de cordão ou fita e que, geralmente, fixam ao esqueleto a parte carnosa do músculo, denominada ventre muscular. Determinados músculos possuem forma de leque e seus tendões acompanham esse formato e se apresentam sob a forma de lâmina ou faixa, sendo denominados, então, de aponeurose.
Os músculos esqueléticos que produzem movimentos o fazem exercendo força sobre os tendões e aponeuroses, que, por sua vez, tracionam os ossos ou outras estruturas (como a pele). A maioria dos músculos cruza pelo menos uma articulação e está, em geral, presa aos ossos que formam a articulação. Quando um músculo esquelético se contrai, traciona um dos ossos da articulação em direção ao outro.
Geralmente a fixação do tendão de um músculo ao osso que não se move durante o movimento é denominada origem; a fixação do outro tendão do músculo a um osso móvel é denominada de inserção. Entretanto, existem momentos em que esse conceito pode mudar e a origem de um músculo se tornar a inserção e vice-versa. Isso acontece devido a ação muscular reversa. Durante movimentos específicos do corpo as ações são revertidas e, consequentemente, as posições da origem e inserção de um músculo específico são alteradas.
É importante compreender que vários músculos atuam em mais de uma articulação e, portanto, possuem ações mais complexas. Por exemplo, o m. bíceps braquial possui ação de flexionar a articulação do cotovelo, já que a atravessa anteriormente, porém, atua também na articulação do ombro onde suas duas origens a atravessam.
ORGANIZAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO
Microscopicamente, cada fibra muscular está envolvida por um fino envoltório de tecido conjuntivo, em sua grande parte de fibras reticulares, denominado endomísio. Esse tecido ajuda a manter as fibras musculares juntas, embora permita que as fibras se movam livremente umas sobre as outras. Vasos sanguíneos que suprem as fibras com nutrientes passam por essa região. Em uma vista mais macroscópica, as fibras musculares formam feixes envolvidos em uma camada espessa de tecido conjuntivo. Esse feixe de fibras musculares é um fascículo, e sua cobertura de tecido conjuntivo denso não modelado é denominada perimísio. O perimísio também permite um certo grau de liberdade de movimento entre os fascículos adjacentes e conduz vasos sanguíneos. Em torno da periferia do músculo encontra-se um revestimento relativamente mais espesso de tecido conjuntivo denso não modelado denominado epimísio, que une todos os fascículos para formar o ventre muscular. Embora cada camada de tecido conjuntivo possua três nomenclaturas diferentes, na realidade formam uma rede interconectada contínua. Por último, os diversos tipos de músculos esqueléticos no corpo são também agrupados e protegidos por camadas de tecido conjuntivo denso não modelado largo, denominadas fáscias.
Os nervos tipicamente entram no músculo junto com os vasos sanguíneos principais do músculo como uma unidade, denominada feixe vasculonervoso. Esses feixes vasculonervosos penetram no corpo do músculo próximo ao tendão de origem distribuindo-se pelo músculo via canais de tecido conjuntivo, formados pelo perimísio e endomísio conforme estes envolvem as células musculares. As fibras motoras iniciam a função contrátil das células musculares, enquanto as fibras sensitivas fornecem o feedback para o sistema nervoso regular a função motora. Os neurônios que estimulam a contração das fibras do músculo esquelético são denominados neurônios motores somáticos.
CLASSIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS DE ACORDO COM O ARRANJO DOS FASCÍCULOS
Nos fascículos todas as fibras musculares se dispõem paralelamente umas às outras. Os fascículos, no entanto, podem formar um de cinco padrões com relação aos tendões: paralelos, fusiformes, circulares, triangulares ou peniformes.
FUSIFORME
CIRCULAR
TRIANGULAR




PENIFORME
COMO OS MÚSCULOS SÃO DENOMINADOS?
Nos últimos anos, os termos anatômicos antigos e epônimos estão sendo substituídos por termos que descrevem as estruturas observadas. Dessa maneira, a anatomia se torna uma ciência realmente descritiva e a aprendizagem torna-se mais significativa, uma vez, que os termos passam a ter um significado real que pode nos mostrar o formato da estrutura ou sua localização ou sua fixação, etc. Com a nomenclatura dos músculos esqueléticos não é diferente e alguns critérios são utilizados para descrevê-los. Portanto, sempre que for estudar anatomia, lembrem-se de compreender a nomenclatura... visualize as dicas que ela fornece... dessa maneira você nunca vai precisar "decorar" termos e a consolidação do conhecimento vai acontecer de forma mais eficiente!!!
Critérios para Denominação dos Músculos Esqueléticos

Tabela retirada de TORTORA e NIELSEN, 2013.
PRINCIPAIS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS
A partir de agora vamos conhecer os principais músculos esqueléticos. Passe o cursor sobre a marcação para visualizar a nomenclatura e clique na mesma marcação para surgir a janela com a descrição da origem, inserção, ação, inervação e vascularização do músculo.
PRINCIPAIS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS DA CABEÇA E PESCOÇO
Os músculos da cabeça e pescoço possuem funções variadas, como produzir expressões faciais, auxiliar na mastigação e deglutição, fonação, etc. Para que cada ação seja realizada essa musculatura possui peculiaridades que serão descritas nesse tópico.
1. MÚSCULOS DA EXPRESSÃO FACIAL
São os músculos que nos proporcionam a capacidade de expressar uma ampla variedade de emoções. Estão situados na tela subcutânea. Geralmente se originam na fáscia ou nos ossos do crânio, inserindo-se na pele e, por isso, movem a pele quando se contraem, em vez de uma articulação.
2. MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO
São os músculos que movem a mandíbula.
3. MÚSCULOS DO PESCOÇO QUE MOVEM A CABEÇA
A cabeça está conectada à coluna vertebral na articulação atlantoccipital, formada pelo atlas e pelo occipital. O equilíbrio e o movimento da cabeça na coluna vertebral envolvem a ação de diversos músculos do pescoço.
Vista anterior ou frontal






















Vista lateral direita














































O m. esternocleidomastoideo é um importante ponto de referência que divide o pescoço em dois trígonos principais: anterior e lateral. Os trígonos são cirúrgica e anatomicamente importantes em razão das estruturas que se situam dentro de seus limites.
TRÍGONO CERVICAL ANTERIOR (subdividido em três trígonos: submandibular, carótico e muscular)
Limite superior: mandíbula;
Limite inferior (ápice): esterno;
Limite medial: linha mediana do pescoço;
Limite lateral: margem anterior do m. esternocleidomastoideo.
Conteúdo: linfonodos submentuais, submandibulares e profundos do pescoço; a glândula salivar submandibular e uma parte da glândula parótida; a artéria e veia faciais; artérias carótidas e veia jugular interna; a glândula tireoide e os m.m. infra-hioideos e os seguintes nervos cranianos: glossofaríngeo (IX), vago (X), acessório (XI) e hipoglosso (XII).
TRÍGONO CERVICAL LATERAL (subdividido em dois trígonos: omoclavicular e cervical lateral)
Limite anterior: margem posterior do m. esternocleidomastoideo;
Limite inferior (ápice): clavícula;
Limite posterior: margem anterior do m. trapézio;
Conteúdo: parte da artéria subclávia, a veia jugular externa, os linfonodos cervicais, o plexo braquial e o nervo acessório (XI).

Figura retirada de TORTORA e NIELSEN, 2013.
PRINCIPAIS MÚSCULOS DO PESCOÇO E DORSO QUE MOVEM A COLUNA VERTEBRAL
Os m.m. que movimentam a coluna vertebral são muito complexos porque possuem múltiplas origens e inserções e há considerável sobreposição entre eles. São músculos extensores, principalmente, mantêm a postura, dão suporte e movimentam a coluna vertebral durante a marcha, posição sentada, corrida e demais atividades da vida diária.

Figura retirada de TORTORA e NIELSEN, 2013.
MÚSCULOS QUE MOVEM OS MEMBROS SUPERIORES
1. MÚSCULOS TORACOAPENDICULARES ANTERIORES
Quatro músculos toracoapendiculares anteriores (peitorais) movem o cíngulo do membro superior.
Vista anterior

Vista lateral direita

2. MÚSCULOS TORACOAPENDICULARES POSTERIORES (EXTRÍNSECOS DO OMBRO)
Fixam o esqueleto apendicular superior (do membro superior) ao esqueleto axial (no tronco).
SUPERFICIAIS: m. latíssimo do dorso e m. trapézio
PROFUNDOS: m.m. romboides maior e menor e m. levantador da escápula
Vista posterior




3. MÚSCULOS ESCAPULOUMERAIS (INTRÍNSECOS DO OMBRO)
São relativamente curtos, vão da escápula até o úmero e atuam sobre a art. do ombro, conferindo-lhe amplos movimentos.
Vista anterior
Vista lateral direita
Vista posterior





Vista anterior
Vista posterior


















Vista anteromedial








































MÚSCULOS DO BRAÇO
O braço é a região compreendida entre o ombro e o cotovelo. A art. do cotovelo, entre o braço e o antebraço, realiza dois tipos de movimento: flexão–extensão e pronação–supinação. Os m.m. responsáveis por esses movimentos são divididos em grupos anterior e posterior, separados pelo úmero e septos intermusculares medial e lateral. A principal ação dos dois grupos ocorre na art. do cotovelo, mas alguns músculos também atuam na art. do ombro. A parte superior do úmero é o local de fixação dos tendões dos músculos do ombro.
COMPARTIMENTOS ANTERIOR E POSTERIOR DO BRAÇO










Figura modificada de TORTORA e NIELSEN, 2013.
1. MÚSCULOS DO COMPARTIMENTO ANTERIOR DO BRAÇO
São músculos basicamente flexores, porém, suas ações devem ser analisadas a cada movimento.
Vista posterolateral
















2. MÚSCULOS DO COMPARTIMENTO POSTERIOR DO BRAÇO
São músculos basicamente extensores, porém, suas ações devem ser analisadas a cada movimento.
MÚSCULOS DO ANTEBRAÇO
O antebraço é a unidade distal do membro superior que se estende do cotovelo até o punho. Contém dois ossos, o rádio e a ulna, que são unidos pela membrana interóssea, extremamente forte. Além de unir firmemente os ossos do antebraço e permitir a pronação e a supinação, a membrana interóssea é responsável pela fixação proximal de alguns músculos profundos do antebraço. O papel do movimento do antebraço, que ocorre nas articulações do cotovelo e radioulnar, é ajudar o ombro a aplicar a força e a controlar a posição da mão no espaço. Embora o limite proximal do antebraço seja definido anatomicamente pelo plano articular do cotovelo, do ponto de vista funcional o antebraço inclui a parte distal do úmero.
1. MÚSCULOS DO COMPARTIMENTO ANTERIOR DO ANTEBRAÇO
Agrupa músculos flexores e pronadores divididos em 3 camadas.
Vista medial
Vista anterior
Vista anterior
FOSSA CUBITAL
A fossa cubital é a área triangular côncava na face anterior do cotovelo. Seus limites são:
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Superiormente - uma linha imaginária que liga os epicôndilos medial e lateral do úmero;
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Medialmente - m. pronador redondo;
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Lateralmente - m. braquiorradial;
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Assoalho - m.m. braquial e supinador, músculos do braço e antebraço, respectivamente;
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Teto - fáscia profunda, reforçada pela aponeurose do músculo bíceps braquial, tecido subcutâneo e pele.
Conteúdo da fossa cubital:
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A parte terminal da artéria braquial e o começo de seus ramos terminais, as artérias radial e ulnar, a artéria braquial situa-se entre o tendão do músculo bíceps braquial e o nervo mediano;
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As veias acompanhantes (profundas) das artérias;
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O tendão do músculo bíceps braquial;
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Nervo mediano.
Superficialmente, no tecido subcutâneo que recobre a fossa, estão:
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A veia intermédia do cotovelo, situando-se anterior à artéria braquial;
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Os nervos cutâneos medial e lateral do antebraço, relacionados com as veias basílica e cefálica.
Os ramos superficiais e profundos do nervo radial estão no interior do assoalho da fossa.
Vista anterior
















2. MÚSCULOS DO COMPARTIMENTO POSTERIOR DO ANTEBRAÇO
Agrupa em sua maioria músculos extensores e supinadores divididos em 3 camadas.
I. CAMADA SUPERFICIAL: m. braquiorradial, m. extensor radial longo do carpo, m. extensor radial curto do carpo, m. extensor dos dedos, m. extensor do dedo mínimo, m. extensor ulnar do carpo.
II: CAMADA PROFUNDA: m. abdutor longo do polegar, m. extensor curto do polegar, m. extensor longo do polegar, m. extensor do indicador, m. supinador
TABAQUEIRA ANATÔMICA
A tabaqueira anatômica é um espaço localizado na região dorsolateral da mão. Na posição pronada, os tendões dos músculos abdutor longo do polegar e extensor curto do polegar a limitam anteriormente, e o tendão do músculo extensor longo do polegar, posteriormente. Esse espaço é visível durante a extensão total do polegar; isso puxa os tendões para cima e produz uma cavidade triangular entre eles. Ademais, é importante destacar que a artéria radial situa-se no assoalho da tabaqueira, bem como o processo estiloide do rádio pode ser palpado na região proximal e a base do osso metacarpal I pode ser palpada na parte distal da tabaqueira anatômica.
Mão pronada










MÚSCULOS DA MÃO
A mão é a porção mais distal do membro superior, sendo o punho a junção da mão com o antebraço. Uma vez posicionada na altura e o local desejado em relação ao corpo por movimentos do ombro e do cotovelo, e estabelecida a direção da ação por pronação e supinação do antebraço, a posição funcional ou atitude (inclinação) da mão é ajustada por movimento na art. radiocarpal.
Alguns autores dividem os músculos que movem as mãos e os dedos em: m.m. extrínsecos, cuja origem não se encontra na mão e m.m. intrínsecos, cuja origem está na região da mão ou do carpo. Os m.m. extrínsecos já foram mencionados anteriormente e enviam seus tendões aos dedos das mão, como o m. extensor dos dedos, m. extensor do indicador, m. extensor do dedo mínimo, m.m. extensores longo e curto do polegar, m. abdutor longo do polegar, m.m. flexores superficial e profundo dos dedos e m. flexor longo do polegar. Os m.m. intrínsecos podem ser divididos em m.m. da região tenar, m.m. da região hipotenar e m.m. da região palmar média.
1. MÚSCULOS DA REGIÃO TENAR
A região tenar é formada pela eminência mais lateral da palma da mão e possui relação ao polegar. Os músculos que a compõem são: m. flexor curto do polegar, m. abdutor curto do polegar, m. oponente do polegar e m. adutor do polegar.
















